USHUAIA 21km na Montanha
Este dia corri minha primeira corrida na neve. A mais diferente de todas que já vivi. Todavia, vivo num país tropical de muito sol, e lógico que para quem vive num lugar que só tenha neve, essa prova não teria o mesmo efeito mental que teve sobre mim. Antes mesmo da competição, no treino do dia anterior, já fiquei muito emocionada com o cenário montanhoso coberto de neve, o Canal de Beagle e a cidade se misturando no visual. Sem contar a ventania, que era extrema e me deixava literalmente pasmada e admirada com cada sopro e cada ruído que fazia.
Correr 21km pisando somente em neve nos trás nova experiência. Aos poucos vamos sentindo o terreno e nos adaptando ao piso. Inevitavelmente, o tropeço e o desequilíbrio acontecem, o que nos exige esforços diferentes do físico para se manter firme e forte no caminho. Se vi gente cair!? Sim, mais de uma! Eu quase cai algumas vezes, porque o solo é completamente irregular em muitos trechos, além de algumas pedras ocultas. Foi não foi e consegui segurar! Trabalhar o equilíbrio para corrida de montanha é fundamental.

A paisagem é avassaladora, e deslumbrada, saquei o celular da mochila e fiz algumas selfies, que de nem de longe, podem mostrar a beleza e o encantamento que era aquilo.
O inicio do percurso não era totalmente plano, mas muito bom de se correr. Ali foi o instante de sentir como seria a prova. Em meio a competição chegou uma subida com o máximo de inclinação que uma pessoa pode subir. Nela não tinha fotógrafo e nem apoio e nem nada. Lógico, pois não teria como eles subirem lá. E talvez nem aguentassem. É a mesma subida que os esquiadores sobem de esqui pelo teleférico, e é a mesma pista que descem e que depois descemos. Uma verdadeira ribanceira! Subida da ‘Brigadeiro’, que nada. Eu me joguei nas descidas, porque a ladeira para subir de quase 5k foi feita caminhando e precisava compensar o tempo (eu e toda torcida do Brasil). E foi me jogando que quase cai algumas vezes, mas não foi dessa vez!
Logo no começo da corrida, já da vontade de arrancar tudo, porque o corpo esquenta do mesmo jeito de quando se corre em qualquer lugar. Porém, não se deve em hipótese alguma, tirar as luvas como fiz. Creio que as extremidades precisam realmente estarem protegidas. as minhas mãos queimavam pela temperatura e pelo lugar. Logo dei um jeito de pegá-las novamente e colocar. Quando concluímos a prova, o suor é geral e estamos encharcados!
Senti dificuldade em mexer na mochila, que levava os itens obrigatórias de prova. Creio ter perdido tempo nessa tarefa. Tudo é experiência e aprendizado. Sem contar, que fiquei tão deslumbrada com a paisagem, que saquei o celular e fazia uma selfie a cada 5´! Isso não pode ser. Preciso repetir o evento, com a bagagem que trouxe de lá.
Que emoção foi correr essa prova. A temperatura era -5ºC e o sentimento era +5000000.........°! O visual era como diz o slogan da cidade de Ushuaia, completamente austral!
